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Live & Love - Restart

Sou doente renal... mas não me sinto nada assim!!! Este é o espelho da minha vida e da minha alma... Desistir, NUNCA!!!

Live & Love - Restart

30
Mar22

6 meses de Transplante!!

Live and Love

 

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(foto by GDTP em facebook)

6 meses de transplante hoje... o meu Rim está de parabéns. Tem-se aguentado firme e forte, embora por vezes, o inesperado acontece. Agora estou bem, a recuperar ainda, um pouco cansada, com peso a menos (novamente), mas com muita vontade de ativar o meu corpo.

Há mais ou menos umas 3 semanas comecei a ficar muito mal disposta e com fortes sintomas de uma gastroentrite. Não foi nada fácil e não me lembro de estar assim há muito, com noites sem dormir por causa das dores, com um cansaço extremo e grande fraqueza. Entretanto fiz uma consulta e as análises nem estavam assim tão más, inclusive a creatinina, facto este que me descansou um pouco. Fiz soro para a hidratação e iniciei medicação para a gastroentrite, com indicação para uma dieta apropriada para estes casos. Saí da consulta mais descansada, principalmente pelo meu Rim.

Contudo, não melhorei e continuei assim, pelo menos durante uma semana, perdendo à volta 4/5 kg, os valiosos quilos que tinha ganho desde o transplante. Quem me conhece sabe como é importante para mim o peso, pois sempre tive um peso muito baixo e já tinha chegado aos 44kg, sendo o meu objetivo os 45kg. Com a "descarga" literal desta semana, cheguei a pesar 39kg, o que para mim nota-se logo, ficando bastante desconfortável, embora soubesse que, após passar este episódio menos feliz, voltaria aos meus 44kg e chegaria até ao objetivo final...os 45kg. O que me estava a deixar descansada é que conseguia fazer a medicação e mantê-la dentro do organismo, o mais importante de tudo para não haver uma rejeição.

Na sexta feira seguinte, e após uma semana assim, tive novamente consulta, a que fui com muito esforço pois senti-me bastante fraca. Desta vez as notícias não eram as melhores... a creatinina tinha subido para 1,9, o que seria de esperar pela desidratação em que me encontrava, pois a dificuldade em ingerir líquidos era muita, e a de comer muito mais. Já não me lembro de sentir assim tão frágil há muito, nem sei se algum dia me senti assim....

Desta vez tinha mesmo de ser, teria de ficar internada para fazer soro, medicação intravenosa e em vigilância e descanso absoluto. Apesar da primeira proposta ter sido ficar no hospital, e como me desagrada imenso estar fora de casa, a melhor solução foi a Hospitalização Domiciliária, ideia esta que me agradou bastante sendo possível conciliar tudo. Assim foi, nesse mesmo dia fui direta ao serviço, fiz teste covid, análises e deram entrada do meu internamento em casa com todas as informações que necessitava. Iniciei imediatamente antibiótico, até porque também estava com uma infeção urinária, e fui para casa com um aparelho que de 8 em 8 horas fazia entrar a medicação intravenosa através de um acesso permanente que tinha no braço. A partir deste momento estava entregue à equipa do internamento domiciliário, onde era mesmo obrigada a descansar, pois tinha de estar sempre em casa e em repouso, tinha um número de telefone que servia de SOS 24h por dia. Todos os dias, de manhã vieram cá a casa os enfermeiros e médicos para avaliarem o meu estado e trocar o saco da medicação ou outra coisa qualquer que eu necessitasse. Fiquei fã deste serviço, porque, ao mesmo tempo que estava no meu espaço, estava a ser acompanhada por uma equipa de saúde muito eficiente e sempre prontos a ajudar-me.

É de salientar que o Hospital Garcia de Orta foi o pioneiro desta modalidade de internamento, embora neste momento já se faça em vários hospitais pelo país.

Ao longo da semana fui melhorando aos poucos, a creatinina voltou a descer, o que me descansou, tendo alta há 2 dias. Embora ainda me sinta um pouco cansada, já começo a ficar mais ativa, com muito mais apetite, já engordei 1kg e já consigo beber, pelo menos 2 L de água, o que é crucial para o meu Rim.

Por vezes, preciso destes "abanões" para me lembara que nada é linear e tudo é incerto, e o inesperado pode acontecer. Também foi benéfico para perceber que tenho de levar tudo com mais calma, muito mais calma (às vezes esqueço-me e digo sempre sim a tudo).

Nao foi nada fácil e senti uma desmoralização e tristeza bastante grande dentro de mim, pois já pensava que, estando a fazer 6 meses de tranplante, poderia começar a normalizar a minha vida cada vez mais.

Nada é seguro e somos nós que temos de cuidar de nós!!! Aprender a dizer Não, e pensar só em nós, às vezes também é importante... não somos de ferro e nem sempre aguentamos com tudo.

Por me achar às vezes muito forte e tentar fazer tudo, este tipo de coisas acontecem! Cuidar de mim, para poder cuidar dos outros, é o meu objetivo neste momento, para além dos de sempre.

Grata à vida e grata a mim por ter aguentado mais uma batalha!!

Silvia

 

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