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Live & Love - Restart

Sou doente renal... mas não me sinto nada assim!!! Este é o espelho da minha vida e da minha alma... Desistir, NUNCA!!!

Live & Love - Restart

10
Out22

O outro lado da Insuficiência Renal

Live and Love

Hoje também há aniversário cá em casa... Eu e o Tiago fazemos 10 anos que estamos juntos e que partilhamos a vida!

Por isso mesmo pedi-lhe para escrever um pouco sobre o que sente/ sentiu relativamente a todo este processo da minha doença. Porque é a minha doença, mas também é a de todos os que partilham comigo a vida e que muitas vezes sofrem em silêncio. 1662833067952.jpg

 

Aqui fica o seu testemunho:

"Não é um lado fácil. No entanto, é o lado mais fácil da doença.Ter de ser forte, mostrar positividade em todos os momentos, alterar rotinas, modificar o quarto e, até, o lado da cama onde se dorme.Mas comecemos pelo princípio.Naquele fatídico dia, tínhamos combinado ir almoçar a um restaurante que a minha mulher gostava muito, e foi quando tive conhecimento da notícia, pois ela tinha acabado de sair da consulta onde tinham feito o diagnóstico.Obviamente, o almoço não foi em nada agradável. Contar a história, falar um pouco do que seria o futuro, uma espécie de previsão, pois não sabíamos ao certo ao que íamos. Bastante choro à mistura, um sentimento de tristeza enorme e eu a ter que ser o mais positivo possível mediante as circunstâncias. Curiosamente, nunca mais fomos a esse restaurante.Os dias passaram, as ideias foram aclarando, a emoção foi dando cada vez mais lugar à razão e as nuvens começaram a ficar um pouco mais dispersas, e sabemos que até das nuvens mais escuras cai água limpa.Fiz questão de acompanhar sempre nas consultas seguintes, de modo a que eu próprio tivesse todo o conhecimento do processo que se seguiria.Transplante era uma obrigação. Diálise um mal necessário. Havia que escolher entre hemodiálise e diálise peritoneal. Depois de avaliar todos os cenários possíveis, os prós e contras de cada uma das opções, a idade jovem e vida ativa que tínhamos, foi bastante fácil optar pela hipótese de diálise peritoneal.Seguiram-se as consultas e toda a explicação da diálise peritoneal e, assim, teve início um longo período de 7 anos de diálise.Como referi anteriormente, houve ajustes a fazer na nossa vida, embora tivéssemos feito os possíveis por ter o menor impacto possível no nosso dia a dia, sendo óbvio que seria uma impossibilidade absoluta.Alterou-se a disposição do quarto, pois teria de haver espaço para mais "um elemento" entre o casal, houve necessidade de trocar o lado da cama, de modo que fosse possível efectuar o tratamento sem mais constrangimentos ou restrições, assim como alterar hábitos diários e horários de deitar ou levantar.O tempo foi passando, felizmente a diálise peritoneal ia tendo eficácia, notavam-se melhorias nos estados físicos e anímico da minha mulher, mas, como seria de esperar, essa eficácia foi diminuindo ano após ano.Felizmente, e como o tratamento estava a ter os resultados necessários, de vez em quando tínhamos autorização por parte da equipa médica para nos ausentarmos de casa, estarmos um fim de semana, ou, por vezes, uma semana sem efectuar tratamento com o objetivo de tirar uns dias de férias, mudar rotinas, espairecer um pouco, ganhar ânimo para o que sabíamos que tínhamos de continuar.Como em tudo na vida, existe um lado positivo. A alteração na alimentação que eu tanto insistia foi-se tornando cada vez mais um fator positivo. Deixar de comer algumas coisas que são nocivas para a saúde, principalmente a quem necessita ter o seu sistema imunitário o mais fortalecido possível.Ao longo dos anos notou-se uma grande oscilação hormonal e, por consequência, estados de humor e emocionais bastante alterados e nem sempre foi fácil aceitar essas alterações, pois, quem está do outro lado, também tem os seus momentos, as suas alterações de humor, o seu estado emocional também oscila e nem sempre há a compreensão imediata de que quem está a fazer tratamento necessita.O tratamento nunca foi entrave na nossa relação, nem mesmo a nível sexual, apesar de alguma diminuição nítida da sua libido.Ao fim do tanto tempo de espera, surgiu o tão aguardado telefonema para o transplante. Houve a infelicidade de alguém que faleceu.Não é, de todo, a situação mais agradável do mundo esperar a infelicidade de alguém para que nós possamos ter a nossa felicidade. No entanto, sei que o desaparecimento dessa pessoa permitiu que outras pessoas pudessem continuar a sua vida. E essa é mais uma razão pela qual temos de nos esforçar por ser felizes todos os dias, para aproveitarmos a felicidade de estarmos vivos e, agora, com saúde para que possamos desfrutar cada dia, cada momento com as pessoas que amamos, que temos orgulho em estar, em partilhar momentos, sejam eles de alegria ou tristeza, pois todos esses momentos são importantes na nossa vida para a formação do nosso caráter e da nossa personalidade.Quis o destino que fosse num momento da minha ausência, por motivos profissionais, que não estivesse presente na altura do telefonema. Situação de muita infelicidade minha, pois fazia toda a questão de estar presente com a minha mulher num momento tão importante e marcante da sua vida. E quis, também, o destino que no dia seguinte em que gostaria de ter dado um abraço gigante antes de ela ir para o bloco operatório, não ter a possibilidade de viajar, pois, devido a ventos fortes, o avião não pôde levantar do Funchal para Lisboa.Como trabalho na área da saúde, no dia seguinte ao transplante, tive autorização dos profissionais de saúde que a seguiam e, como conheço o cirurgião que a operou, pude ir vê-la ao hospital. Uma visita breve, mas intensa, com muita paixão e numa transmissão de energia positiva para que a recuperação se iniciasse sem qualquer tipo de revés.Felizmente, essa recuperação tem sido sempre em crescendo, com um ou outro susto pelo meio, mas que em nada interferiu com a mesma recuperação. A nossa vida ganhou, novamente, maior dinâmica, maior liberdade e, por vezes, esqueço que existe essa doença.

11 meses se passaram, a nossa relação segue, as nossas filhas nunca foram prejudicadas durante todo o tempo e, todos juntos, sentimos que podemos vencer todo e qualquer obstáculo que se depare na nossa frente. Nada há mais forte que o amor. E quando esse amor é verdadeiro, torna-se indestrutível mediante qualquer mal que se coloque por diante.A Sílvia é, sem dúvida, uma autêntica guerreira, um poço de força, e é incrível como tanta força cabe num corpo de 40 kg.
Termino como comecei.O outro lado da Insuficiência Renal não é fácil, mas é, de longe, o lado mais fácil da doença." 

Por Tiago
 

Como alguém que todos conhecem dizia, "O Amor Cura"!

 

Grata ao Tiago por esta caminhada

 

Silvia

30
Set22

1 ano de Nova Vida

Live and Love

Faz hoje um ano de Vida o meu Rim!! Sim, porque agora é Meu!

Já foi de alguém muito especial, cuja missão foi cumprida... mas agora é Meu!! 

Este ano foi tão, mas tão especial, que por vezes chegam-me as lágrimas de pensar o quanto sou tão grata por este dia tão bom e tão diferente de tudo. O sentimento é o de que passaria por tudo novamente, só para me sentir assim tão bem com a vida.... para ter esta oportunidade de crescimento físico e pessoal.

Neste momento estou bem, a trabalhar naquilo que realmente gosto, com energia, com mais maturidade, mais emoção e gratidão dentro de mim. As mudanças não se sentem só ao nível físico, mas essencialmente nos sentimentos e nas sensações do dia a dia. A disponibilidade pessoal é completamente diferente, pois há mais energia, mais satisfação e amor por tudo o que me rodeia.

Nem todos os dias são fáceis, nem todos os dias são repletos de felicidade, mas sem dúvida que hoje sou mais completa!!!

Grata à Vida e ao meu Dador!!!

 

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Silvia

 

14
Set22

45 e o início do ano letivo

Live and Love

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Muitas são as vezes em que o dia do meu aniversário coincide com o início do ano letivo. São ambos importantes e que me tornam um pouco nervosa de forma distinta, cada um à sua maneira.

Este ano não é diferente e, ao mesmo tempo que festejo o meu 45º aniversário, tenho uma reunião com os encarregados de educação. Quem é professor, sabe tão bem como eu que é uma fase de muito trabalho e alguma preocupação, principalmente para quem vai receber novos alunos, que é o meu caso. Mas não é nada a que não esteja habituada, embora todas as experiências sejam diferentes.

Mas de nada me importo, porque todos os dias em que estou viva, com energia e em que posso fazer a minha vida o mais normal possível, são dias de festejar.

Chego agora aos 45 com lutas, batalhas vividas, algumas vitórias, outras perdidas, mas sinto que tudo faz parte do caminho. Caminho esse que cada vez mais tento levar de forma leve, consciente das minhas emoções e deixar ir tudo o que não me faz falta ou o que me derruba.

A Gratidão de estar aqui hoje, poder viver, trabalhar, estar com amor e usufruir de mim própria, é um sentimento que me acompanha todos os dias, mesmo nos mais intensos.

Este aniversário tem um sentido um pouco mais especial, pois o transplante veio alterar os sentimentos e a postura que levo ao longo dos dias.

Grata pelos meus 45

Silvia

02
Set22

Mais um Destaque no SAPOBLOGS

Live and Love

Há dois dias publiquei sobre as minhas férias e hoje novamente em destaque pela equipa do SAPOBLOGS.

 

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Grata, mais uma vez, pela oportunidade de chegar a mais pessoas, pois é esse o objetivo. Levar esperança a todos os que estejam a passar pelo mesmo que eu, ou que tenham desafios nas mãos, que pensam ser impossíveis de ultrapassar... Nós podemos tudo... A nossa mente é mais forte que o nosso corpo! Acreditar e não desistir, é o caminho!

Grata

Silvia

31
Ago22

Transplantada em férias

Live and Love

Este foi o primeiro verão como transplantada. Apesar de ter mais liberdade e o espírito ser diferente, foram umas férias calmas e um pouco mais por casa. Isto porque o Tiago decidiu abrir uma mercearia/ cafetaria biológica aqui mesmo na rua, UniversoBio  ( https://www.facebook.com/universobio2021/), em dezembro de 2021, e não tinhamos a certeza de como iriam ser as suas férias, dai não termos marcado nada de diferente.

A primeira semana de agosto fomos até Vila Real e passamos esses dias na casa de férias e de infância do meu pai numa aldeia próxima da cidade, embora a maioria dos dias andamos a passear e a conhecer aquela zona de Trás os Montes.

Como no verão passado fomos uns dias ao Gerês, fiquei fã do norte do nosso país e das praias fluviais, cascatas, aldeias, natureza. Temos tanta riqueza natural nestas zonas... Também já estava um pouco cansada de ser sempre o mesmo... praia, piscina.. praia, piscina... Algarve... Costa Vicentina... demasiada gente!!! Não quer dizer que não volte a passar férias nestes lugares, principalmente na Costa Vicentiva da qual sou fã, mas às vezes sabe bem mudar um pouco.

Trás os Montes pode ter tudo isso, embora de forma distinta, e uma riqueza de paisagens, sítios recônditos e muitos lugares para conhecer e experienciar, com menos confusão. Há que dizer que, cada vez mais, há mais gente com a mesma vontade que eu, de conhecer estes lugares mágicos, aventureiros e ao mesmo tempo relaxantes.

Fomos ao Pena Aventura Parque, Fisgas de Ermelo, Praia Fluvial de Olo, descemos o Rio Douro da Régua ao Pinhão, fizemos o comboio turístico do Tua, passadiços do Corgo e, ao mesmo tempo, aproveitamos para estar com a família que mora por aqui.

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rio.jpgPraia Fluvial do Rio Olo

 

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Pinhão

 

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Cruzeiro no Rio Douro

 

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Estação do Pinhão

 

Nas semanas seguintes estivemos por casa e aproveitamos também a nossa praia do Castelo, passeamos por Lisboa, fomos conhecer os passadiços da Mata dos Medos e descansamos. Apesar de não estar muito cansada, pois não tenho "em cima" um ano letivo inteiro, mas tenho a "ressaca" de um transplante.

Não me importo nada de estar em casa, pois é a melhor forma de descansar, havendo também muita atividade para se fazer aqui próximo e temos, o que é para mim, a melhor extensão de praias para aproveitar, seja verão ou inverno.

Como transplantada, sem dúvida que a melhor e maior diferença foi o facto de conseguir mergulhar, nadar, estar no rio ou piscina sem qualquer tipo de restrição, bem como a não preocupação da diálise. A Liberdade, para além da Saúde claro, é o melhor bem que temos e só damos valor quando não podemos usufruir dela.

O trabalho é já esta semana e estou preparada, pois este ano letivo, tudo será diferente e para melhor.

 

Grata à Vida e à Liberdade!

Silvia

 

24
Jul22

Dia Nacional da Doação de órgãos e da Transplantação

Live and Love

Apesar de já ter passado o Dia Nacional da Doação de órgãos e da Transplantação, celebrado a 20 de julho não posso deixar de me lembrar como este é importante.

Todos os dias são especiais e há sempre motivos felizes, mas este, entre outros, é de celebração pela missão de vida que muitos seres especiais têm.

Estou tão, mas tão grata pelo meu Dador que, perante aquilo que acredito ter sido a sua missão de vida, salvou a minha. Salvou a minha vida e hoje brilha na memória de seus familiares e para mim será sempre um Sol ao longo do meu caminho.

Embora nunca o venha a conhecer fisicamente, nem à sua história, fez história na minha vida. Uma das histórias mais bonitas que permanecerá sempre, aconteça o que acontecer.

Grata a esta minha Estrela e a todas as outras que tiveram o mesmo destino e missão.

Brilham fortemente dentro de todos nós que fomos presenteados pelo altruísmo de sua missão.

Este dia serve também para lembrar os que em vida, têm o mesmo propósito e o mesmo caminho: os dadores em vida e os profissionais de saúde.

Eu sou tão sortuda!

Grata a ti, à tua família e, mesmo não te conhecendo, permanecerás em mim para sempre!

 

O tema este ano foi "Sustentabilidade da Doação e Transplantação" tendo havido várias palestras e encontros promovidos pela Sociedade Portuguesa da Transplatação e Instituto Português do Sangue e da Transplatação, IP.

294901228_494280982573856_8731188760332969188_n.jpImagem by Grupo Desportivo dos Transplantados de Portugal

Silvia

 

18
Jul22

Projeto "Together We Stand"

Live and Love

Durante a altura de confinamento tive tempo também para pensar em muita coisa e, num email do Grupo Desportivo Transplantados de Portugal, vejo a apresentação de um programa de Grupos Psicoeducativos online, de apoio aos doentes em diálise, e fiquei logo com curiosidade, pois estou sempre à procura de respostas relativas à Insuficiência Renal.

O programa incidia essencialmente em 6 sessões onlise de 2h por semana, com grupos de doentes como eu, moderadas por 2 psicólogas da Universidade de Aveiro.

Fiquei com alguma curiosodade em saber mais sobre a doença e em trocar ideias com pessoas que estão a passar o mesmo que eu. Apesar do programa ser mais virado para a hemodiálise, inscrevi-me nas sessões de casais, e o T nem teve hipótese de dizer nada.  É obvio que ele aderiu logo, pois apoia-me sempre em tudo.

Eramos 3 casais a participar e 2 psicólogas em que as sessões, para além de se terem tornado bastante elucidativas, foram encontros semanais com um grupo de pessoas alegres e com vontade de ouvir, ser ouvido, partilhar, ser aconselhado....

Foram abordados diversos temas relativos à doença como o transplante, os tratamentos de substituição da função renal, hábitos de vida diária, testamento vital... Para mais informações poderão visitar o site https://togetherwestand.pt/, que está bem esplícito.

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A empatia entre todos, as dúvidas resolvidas, o apoio das psicólogas e a partilha de 3 experiências tão distintas, fizeram-me sentir e pensar que eu sou uma sortuda e que o que eu tenho passado não é nada perante outras experiências de vida. 

No entanto, também sei que que sou mais nova que a média de idades dos doentes em diálise e que a minha capacidade de resposta e motivação são diferentes. Aliás, todos somos diferentes e aderimos às experiências de vida de forma distinta, pelo que nada está errado. Cada um sente de forma diferente, de acordo também com a sua hsitória, e nada está errado.

É bom saber que há profissionais que não se esquecem de nós, pois por vezes sinto que fala-se de muitas doenças, o que também está certo, mas esquecem-se um pouco da nossa, que é crónica, é para a vida.

O único aspeto menos positivo que salientei também com todos os participantes, foi o facto de as sessões terem terminado, algumas vezes, após as 22 horas, o que para mim, ainda em diálise na altura, tornava-se um pouco difícil, pois a minha capacidade de concentração ficava comprometida.

No geral, a experiência foi bastante positiva e aconselho fortemente a quem tenha possibilidade de frequentar sessões deste género, e não só na Insuficiência Renal, como em todas as doenças físicas e mentais. Há quem necessite de muita atenção e esclarecimento, e às pessoas que o fazem com amor e de graça, só tenho uma palavra: GRATIDÃO.

Silvia

 

30
Jun22

9 meses e o regresso

Live and Love

Faz exatamente hoje 9 meses de transplante e sinto-me tão bem... física e mentalmente. 

A minha vida, aos poucos, vai normalizando cada vez mais. Neste momento já não me privo praticamente de nada e a felicidade está bem presente neste momento.

A hora de regressar ao trabalho chegou e agora sim, posso dizer que o interregno de quase 8 anos chegaram ao fim e é o início da minha nova vida. O renascer aconteceu da forma mais bonita e esperada, tendo também consciência que eu sou forte e a recuperação deve-se em grande parte à minha grande vontade em permanecer mais positiva, mais grata e com uma visão diferente da que tinha antes da diálise.

Sou o que sou, cada vez mais assertiva sobre os meus objetivos e sobre o que me faz bem, sendo que sei bem que hei-de ter momentos bons e menos bons, tal como foi até aqui. E foi com esses  momentos  todos que aprendi, cresci, errei e estou onde estou, onde tenho de estar. 

Ainda tenho muito para caminhar, para aprender, para rir e para chorar, mas sou sempre eu e, cada vez mais, sigo os meus instintos e os meus valores.

Hoje é um dia Feliz... Grata pelo regresso!

 

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Silvia 

13
Jun22

A minha carreira começa aqui!

Live and Love

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Foi aqui que tudo começou!

A 27 de setembro, 1 ano após me licenciar, iniciei a minha atividade profissional nesta escola. Tinha 24 anos e não sabia nada da vida. Era aquela idade em achamos que sabemos tudo e no fim não sabemos nada. Não sabemos o que a vida nos pode reservar, não sabemos que tudo o que nos acontece de menos bom faz parte e é sempre uma lição, pensamos que tudo é fácil e ao mesmo tempo que tudo é um drama.

Esta escola, que nada parece uma escola, mas sim um antigo palacete, deixou de ser instituição do Ministério da Educação em 2006 e neste momento pertence à Trienal de Arquitetura de Lisboa.

Nunca mais lá tinha ido e há muito que desejava visitar este espaço e este largo tão peculiar da minha Lisboa. Fica no Campo de Santa Clara, mais propriamente no espaço onde se realiza a Feira da Ladra.

Sinto que foi minha primeira escola por algum motivo, que ainda não descobri qual, pois a estrutura é completamente diferente do tradicional e sinto uma ligação forte àquele espaço.

Não me lembro de em criança desejar ser professora, mas sim de brincar às professoras no meu quarto onde ensinava para os meus alunos imaginários e escrevia mesmo na porta do roupeiro com giz. Era a minha brincadeira preferida e talvez, inconscientemente tivesse um desejo escondido.

O que na altura de escolher queria mesmo era Comunicação Social para trabalhar talvez em rádio ou imprensa escrita e ainda me cheguei a inscrever no curso na Universidade Independente, mas a vida deu-me a volta sem me aperceber mesmo disso. Talvez até tivesse resultado muito bem e até talvez estivesse bem melhor financeiramente agora. Mas não estou nada arrependida pois acredito que estou sempre no sítio certo e onde era suposto.

Sei também que a profissão de professora era uma grande vontade da minha mãe, embora nunca me tivesse influenciado. Mas lá está, tanto desejou que aqui estou eu.

O destino trouxe-me a esta profissão que e adoro e não me vejo a fazer outra coisa, pelo menos neste momento.

A paixão foi crescendo, embora seja uma profissão muito exigente, cheia de burocracia, em que temos de ser pais, mães, avós, psicólogos, médicos, mediadores, técnicos administrativos, entre outros, e no meio disto tudo ensinar conteúdos de uma mão cheia de disciplinas... A valorização é pouca e estamos sempre sujeitos a escrutínio público e faltas de respeito por parte de uma sociedade em que todos são "professores", menos os próprios docentes... todos são impunes e todos têm direito a errar, menos os docentes. Sinto que temos sempre de ser infalíveis e agir de acordo com a vontade de terceiros e não em consonância com a nossa experiência, os nossos valores e principalmente o bem estar físico e psicológico das crianças.

Contudo, a paixão mantém-se e, mesmo que por vezes esvaneça um pouco, é onde me vejo a trabalhar até o destino quiser.

Não trabalho há 8 meses e meio, e a única coisa de que tenho saudades é de me ver na sala de aula com os alunos. Não anseio todo o trabalho que envolve a profissão, pois para mim, é "papelada" a mais. Acho mesmo que deviamos centrar o trabalho no processo de ensino e apredizagem dos alunos, na sala de aula, embora as discussões e articulações com todos os intervenientes sejam necessárias e essenciais.

Muitos não fazem uma pequena ideia do que é o trabalho fora da sala de aula, que ultrapassa em muito as horas não letivas semanais que temos definidas no nosso horário, isto no 1.º ciclo que é onde eu tenho a minha experiência. Quanto aos outros ciclos não posso falar porque nunca experienciei.

Um dia vi uma frase numa rede social que diz tudo e era assim: " Confundir o trabalho de um professor com as horas da aula é o mesmo que dizer que um atleta só trabalha durante a corrida".

Penso estar quase a regressar, embora o entusiasmo não seja muito, pois habituei-me à minha rotina diária sem aulas, apesar de me levantar sempre cedo para fazer a medicação, iniciar o meu dia e tentar andar sempre ocupada ao longo do dia.

Quando regressar ao trabalho, é sinal que tudo está no caminho certo, a retomar a chamada "vida normal" e que a recuperação pós transplante está a ser um sucesso.

Grata 

Silvia

 

13
Mai22

A Fé que procuro

Live and Love

 

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Quando passamos por situações difíceis, em que a incerteza passa a fazer parte da nossa vida, em que a nossa energia, vida diária e sentimentos ficam bastante afetados, procuramos explicações em todo o lado. Pelo menos eu sou assim, pois a explicação científica apenas, não me traz as respostas todas.

Tenho uma educação bastante católica por parte dos meus pais (mais a minha mãe) que me incentivaram sempre a procurar a Fé na igreja… frequentei a catequese durante 10 anos e fiz tudo: 1.ª Comunhão, Profissão de Fé, Crisma… Ao longo da minha adolescência só ia à catequese por bastante “incentivo” da minha mãe, e após ter feito o Crisma deixei de frequentar o que quer que fosse ligado à religião. Desliguei-me completamente da igreja.

Só voltei a pensar novamente em Fé quando a doença piorou e tive de iniciar a diálise… mas tem sido uma Fé que procuro mais dentro de mim do que em algo exterior, daí também procurar algumas respostas e trabalhar a espiritualidade e desenvolvimento pessoal.

Contudo, parece que a Fé também me procurou… Nunca tinha ido a Fátima e nem tinha propósito nesse sentido, até que começo a ter alguma vontade em visitar o local, também mais por curiosidade, isto após iniciar a diálise e ter passado por alguma infelicidade no início. Ainda não se tinha proporcionado, quando não é o meu espanto, que Fátima vem até mim. Há quem não acredite em coincidências, mas eu creio que sim.

Muitas vezes a imagem de Nossa Senhora de Fátima percorre o país em procissão, vindo várias vezes aqui ao concelho e eu sabia que ela andava por cá. Num dia normal de escola, na hora do almoço costumamos sempre ir ao café e ao regresso para a escola começamos a ouvir uma música a aproximar-se… era essa mesma procissão qua passava ao meu lado, ao lado da minha escola e exatamente na minha hora de almoço, quando estava a regressar do café.  No espaço e no tempo certos.

Senti logo que não podia ser uma coincidência e senti que era para mim… senti que era um incentivo à minha busca pela calma interior. Emocionei-me e percebi a mensagem de que estava na hora de lhe fazer uma visita e de acreditar, principalmente em mim. E logo eu, que estava tão desligada disto tudo!!!

Mais tarde, mais ou menos um ano antes do Transplante fui e senti-me bem e em Paz… A Paz que sei que está dentro de mim e que depende única e exclusivamente da minha pessoa. Isto pode parecer uma contradição, mas ter Fé é relativo. Todos nós temos Fé numa só crença ou em várias. No meu caso tenho Fé em muita coisa, principalmente no que me faz acreditar que eu consigo superar tudo, seja na religião, numa imagem ou no meu Eu. O importante é sentirmos que vamos ultrapassar os dias mais “frios”.

Algum tempo mais tarde, após ir a Fátima pela primeira vez, a mesma procissão passa aqui na minha rua, algo que nunca tinha visto por aqui e já cá moro há 8 anos. Outra coincidência!!??

Tinha prometido a mim mesma que voltava a Fátima após fazer o Transplante e assim foi. Fiz o Transplante no dia 30 de setembro e o primeiro sítio onde fui, foi a este que emana uma energia diferente. Senti-me com dever cumprido, principalmente comigo própria, porque quando defino objetivos é para mim mesma e para os que eu amo.

Cada pessoa é livre de procurar a Fé onde mais se sente em Paz e todos temos a obrigação de respeitar, seja religião, Fé interior, estilo de vida ou qualquer outra, ou até mesmo nos mais céticos. Nada nem ninguém deve impor ao outro uma crença ou um padrão, porque isso não é Fé. A Fé está dentro de nós e no que acreditamos ver e sentir.

Grata por uma visão nova e diferente na vida!!!

A Fé está em nós e nas nossas crenças...

Silvia

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